Flores que Germinam


Comer é um ato político. Comida de verdade é aquela que reconhece o protagonismo da mulher, respeita os princípios da integralidade, universalidade e equidade. Não mata nem por veneno e nem por conflito. É aquela que erradica a fome e promove alimentação saudável, conserva a natureza, promove saúde e paz entre os povos. Este trecho do Manifesto da V Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional põe no prato da sociedade a discussão sobre comida de verdade e sobre a soberania e segurança alimentar.

Mulher nasce para florir, embelezar, germinar, frutificar, sombrear e enraizar. Mas, o mundo tem despetalado essas Margaridas e as proibido perfumar.

Falar de violência contra as mulheres é uma tarefa de eleição e revisão histórica. Já que essa epidemia mundial tem uma lista desmesurada de formas de violência contra as mulheres, e, é histórica por ser necessário voltar ao período da expulsão das mulheres do campo no feudalismo, em especial nos momentos em que o capitalismo se institucionalizava, para entender a realidade atual.

Andarilhar o caminho das mulheres do campo, da floresta e das águas na busca pela representatividade e construção dos movimentos sociais que deram e dão suporte a construção e o desenvolvimento da agroecologia é semelhante ao apreciar uma flor de umbuzeiro; é encher os olhos ao ver desabrochar flores nos meses secos do Semi Árido Brasileiro; é respeitar a bravura e a persistência em transformar a Caatinga num espetáculo contrastante de cor, onde o escuro da mata seca ganha vida com o seu branco amarelado; e é enamorar-se pela delicadeza da flor que através dos seus frutos germinará a “árvore sagrada do Sertão”.

O mundo contemporâneo vive uma crise em todos os setores, e a produção de alimentos bons, limpos e justos estão no topo dessa problemática, uma vez que as pessoas a cada dia se alimentam com menos qualidade, e muitas com menos quantidade, gerando duas das três pandemias mundiais: a desnutrição e a obesidade. A busca por soluções para sanar a fome no mundo coloca as diversas formas de fazer agricultura em evidência, já que se busca para além da produção de alimentos, sustentabilidade ambiental, social e econômica.

Da descoberta pelo olhar feminino dos primeiros cultivares aos dias atuais, a agricultura revolucionou-se. De um início onde homens e mulheres não dispunham de equipamentos e ferramentas necessários ao trabalho do plantio e da coleta de alimentos, a agricultura passa pelo uso da enxada, machado, os sistemas de cultivo temporário de derrubada-queimada, os sistemas com alqueive e tração leve e os sistemas com alqueive e tração pesada, esse último considerado a primeira revolução agrícola dos tempos modernos, que teve seu desenvolvimento estreitamente ligada à Revolução Industrial, já que foi necessário o desenvolvimento industrial, comercial e urbano para absorver o excedente agrícola comercializável.