Artesã do Aroma
Para escrever um artigo sobre o aroma natural do Gerânio e falar sobre os benefícios do seu óleo essencial para nossos corpo físico e sutil, será importante entender que não estamos falando do gerânio que enfeita as varandas de nossas avós, nem tampouco os vasos floridos que tomam conta das sacadas dos predinhos da cidade litorânea de Barceloneta, na Espanha. Por vezes, erroneamente, confundimos as plantas relacionando seus nomes populares e científicos. Também precisamos entender que a nomenclatura científica por vezes recebe alterações por revisões no tempo. A planta de onde é destilado o óleo essencial de Gerânio é a Perlagonium graveolens. É nativa das Províncias do Cabo e das Províncias do Norte da África do Sul, Zimbábue e Moçambique, sendo atualmente cultivada em larga escala em diversas partes do mundo. Podem crescer em barracos arenosos, encostas rochosas ou em savanas. O aspecto do óleo essencial pode diferenciar em aroma, cor e moléculas químicas, em virtude do local onde são cultivados. Por isso encontramos no mercado óleos essenciais originários do Brasil, da França, do Egito, da Índia e da própria mãe África.
A planta aromática Patchouli (Pogostemon cablin) é nativa da Índia, região tropical, cultivada em terrenos vulcânicos muito férteis. O nome provém da língua tamil (língua dravídica falada no sul da Índia), onde patchai significa verde e ellai, folha. Possui uma longa história de uso medicinal na Malásia, na China, na Índia e no Japão, muito utilizada como antídoto contra picada de insetos e cobras. Na Índia, os sachês de Patchouli são muito usados para perfumar a roupa de cama e afastar percevejos.
Quando no artigo “ O que são Óleos Essenciais ?" falamos sobre o que são e como são produzidas aquelas substâncias tão especiais, destacamos o processo de destilação por arraste à vapor como sendo o mais usado para se obter os óleos essenciais das plantas aromáticas. Pois bem, além de ser o método mais utilizado, também é, assim como na hidrodestilação, o processo que tem como resultado uma segunda substância conhecida como hidrolato. Acontece assim: o vapor da água em ebulição atravessa a planta dentro da cuba do destilador e, ao passar pelo condensador, óleo e hidrolato voltam para a fase líquida e são coletados no balão separador, onde podemos visualizar essas duas fases (óleo essencial e hidrolato) separados por possuírem diferentes densidades.
Aqui neste espaço onde nos encontramos quinzenalmente, já falamos sobre o uso cosmético, terapêutico, medicinal e espiritual das plantas aromáticas pelos povos da antiguidade. Juntos constatamos que mesmo antes da criação dos processos de destilação para obtenção dos óleos essenciais e da criação do termo aromaterapia, por Renné Maurice Gatefossé, uma relação antiga entre a humanidade e as plantas já existia. Falamos também sobre o olfato, esse sentido que nos permite identificar mais de dez mil diferentes odores e que leva as partículas aromáticas até nosso sistema nervoso. O que são e como são produzidos os óleos essenciais foi o tema da nossa última conversa, chamando também a atenção sobre a diferença que existe entre esses e as essências sintéticas.
Se você é como eu que já usufrui dos benefícios da aromaterapia, ao ler o título deste novo artigo poderá pensar que neste texto encontrará algumas definições já lidas, abordagens conhecidas e disponíveis nas redes sobre o que são estas substâncias maravilhosas super concentradas. Mas meu desejo é que, através do esclarecimento sobre sua origem, composição e meios de obtenção, possamos juntos enriquecer nosso conteúdo sobre, e através dessa ampliação de conhecimento, desenvolver uma utilização mais sustentável e respeitosa desse recurso de cura e harmonização que a natureza nos oferece de forma tão sábia e generosa.
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