A planta aromática Patchouli (Pogostemon cablin) é nativa da Índia, região tropical, cultivada em terrenos vulcânicos muito férteis. O nome provém da língua tamil (língua dravídica falada no sul da Índia), onde patchai significa verde e ellai, folha. Possui uma longa história de uso medicinal na Malásia, na China, na Índia e no Japão, muito utilizada como antídoto contra picada de insetos e cobras. Na Índia, os sachês de Patchouli são muito usados para perfumar a roupa de cama e afastar percevejos.
Esse aroma esteve muito em voga na década de 1960 durante o movimento hippie, assim como o sândalo e o jasmim. Por essa razão, acabou também ficando conhecido como o óleo essencial da ousadia, utilizado também como condicionador de cabelos para os “dreadlocks” dos rastafaris. O movimento Hare Krishna foi responsável, em grande parte, por difundir pelo mundo o aroma do Patchouli pois acreditam que o Deus Krishna “habita” no aroma terroso de nota olfativa baixa. Fixador de perfumes do tipo oriental, é um importante componente do incenso produzido na Ásia Oriental. Segundo Sâmia Maluf, esse óleo, assim como um bom vinho, tem o aroma mais apurado com o tempo.
A destilação da planta de Patchouli por arraste à vapor resulta em baixos rendimentos de óleo essencial, razão pela qual, para se retirar uma maior quantidade de moléculas aromáticas de suas folhas, aplica-se um método de fermentação das folhas desidratadas antes de submetê-las ao arraste. Os principais componentes da composição química desse óleo essencial são o patchoulol e o pogostol, portanto, sesquiterpenos e álcoois sesquiterpenóis. São as substâncias químicas presentes nos óleos essenciais que indicam suas propriedades específicas. Por possuir uma concentração alta de moléculas possivelmente estrogênio-like, seu uso em em pacientes com câncer estrogenodependente (mamas/útero) deve ser evitado.
A terapêutica desse óleo é, assim como sua história, bastante interessante. Sua toxicidade é baixa. A diluição do óleo em pomadas, cremes e óleos graxos é indicada principalmente para regeneração da pele em casos de rosácea acneica, dermatites inflamatórias, cicatriciais, alérgicas, psoríase, rachaduras e escaras. Trata-se de um óleo cicatrizante, analgésico e anti-inflamatório. É um óleo tônico vascular, por isso indicado também para o tratamento de hemorroidas. Por ser umectante, confere um caráter hidratante para peles maduras, ressecadas pelo estresse e no caso das mulheres, pela menopausa. O óleo deixa a pele com mais vitalidade e com o tempo até pode atenuar as rugas de expressão. Por ser fungicida, dá brilho e maciez aos cabelos, tratando também escamações e seborreia no couro cabeludo. Fernando Amaral atribui ao óleo essencial de Patchouli a função de “uma película protetora que envolve nosso corpo e nossa alma”. Eu adiciono algumas gotas ao óleo graxo de gergelim prensado a frio (50 gotas de OE para 100 ml) e uso após o banho como hidratante. Essa mistura também pode ser utilizada para fazer massagens semanais nas pernas para atenuar quadros de varizes e dores. Caso você deseje produzir para si um sérum caseiro natural para pele do rosto seca, utilize para 10 ml de óleo de jojoba 10 gotas de óleo essencial de Patchouli. Aplique como hidrante no máximo 2 vezes ao dia, após higienizar e tonificar a pele. Depois me conta! Ah! Tem mais uma: este óleo também é considerado repelente, como alternativa para quem não gosta dos cheiros de citronela, cravo, etc.
Seu aroma penetra nos receptores olfativos, e no corpo emocional atua como redutor de ansiedade.Sua vibração botânica auxilia no processo de aceitação do ritmo do mundo e das pessoas ao redor, evitando o comportamento reclamão. Como diria Maria Ábramo, "o óleo essencial de Patchouli é bom para calcanhares rachados e almas rachadas”, pois este óleo auxilia a impulsionar a mente e superar as emoções tóxicas. O encanto floral, etéreo e herbáceo doce facilita a harmonia e a paz para a mente, sendo muito eficaz sua inalação na preparação para a meditação. Seu aroma sempre deve ser utilizado com parcimônia, pois utilizado em excesso pode produzir agitação. Patricia Davis, autora de vários livros sobre óleos essenciais e aromaterapia, afirma que praticamente todos os óleos essenciais que facilitam a meditação são indicados como afrodisíacos. Gorethi Moura, em seu Oráculo dos Aromas, confere ao Patchouli apoio para a conquista de maior flexibilidade na vida, quebrando padrões e conceitos que não agregam para a evolução do Ser. Também indica esse óleo para entender o passando e partir para o novo, afirmando que este é um óleo que equilibra todos os chakras.
Particularmente, entendo que o aroma Yang, que vibra a cor marrom, me ofereceu estrutura em momentos desafiadores durante minha caminhada. Foi um grande amigo nos momentos de dores emocionais, e hoje me auxilia nos sintomas da TPM e também para manter mãos e pés hidratados. Para você que está por aqui acompanhando a escrita deste blog, espero que tenha conseguido realizar uma apresentação adequada desse que é um Senhor Óleo Essencial.
Na próxima quinzena voltaremos com o óleo essencial de Gerânio! Abraços Perfumados, e até a próxima!
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FONTES CONSULTADAS
Técnicas de aplicação de óleos essenciais – Fernando Amaral, Ed. Cengage Learning, 2015.
Aromaterapia - Patricia Davis, Ed. Martins Fontes, 1996.
Óleo essencial de Patchouli - http://samiamaluf.blogspot.com/2013/01/sobre-o-oleo-de-patchouli.html Acessado em 12 de outubro de 2019.
O grande Manual da Aromaterapia – Dominique Baudoux, Ed. Laszlo, 2018.