USANDO ÓLEOS ESSENCIAIS: PRIMEIROS PASSOS COM A LAVANDA VERDADEIRA


Aqui neste espaço onde nos encontramos quinzenalmente, já falamos sobre o uso cosmético, terapêutico, medicinal e espiritual das plantas aromáticas pelos povos da antiguidade. Juntos constatamos que mesmo antes da criação dos processos de destilação para obtenção dos óleos essenciais e da criação do termo aromaterapia, por Renné Maurice Gatefossé, uma relação antiga entre a humanidade e as plantas já existia. Falamos também sobre o olfato, esse sentido que nos permite identificar mais de dez mil diferentes odores e que leva as partículas aromáticas até nosso sistema nervoso. O que são e como são produzidos os óleos essenciais foi o tema da nossa última conversa, chamando também a atenção sobre a diferença que existe entre esses e as essências sintéticas.

Agora chegou o momento de falar sobre os usos dos óleos essenciais. Para começar, existem duas maneiras de utilizar os óleos essenciais que aplico em meu cotidiano há um certo tempo, com resultados positivos, por vezes surpreendentes. A primeira é a inalação, que na minha opinião é a melhor forma de usufruir dos benefícios terapêuticos destas substâncias (para reequilibrar-se e autoconhecer-se) e o uso tópico (sempre diluído, exceto pouquíssimas exceções) que incorporei em meu autocuidado por entender que existe uma cosmética natural e artesanal que me permite fabricar em casa meus próprios produtos, e com poucas gotas de óleo essencial posso ter séruns, cremes, óleos corporais e xampus perfumados, terapêuticos, sustentáveis e sem aditivos químicos nocivos para meu corpo.

Uma dúvida recorrente sobre o uso dos óleos essenciais é sobre precisar ou não ter uma variedade dos mesmos para poder usufruir dos benefícios dos aromas naturais. Já gostaria de dizer que, por ser uma substância extremamente concentrada, produto de uma quantidade imensa de plantas, seu preço pode gerar certo espanto, por se tratar de um vidro tão pequeno. Geralmente são comercializados em embalagens de vidro âmbar de 10 ml. É nesse momento que precisamos nos lembrar da imensa quantidade de planta necessária para se obter um litro de óleo essencial, e também entender que o óleo essencial de uma única planta já pode ser um excelente começo para você se tornar um consumidor desta opção de autocuidado natural.

Já conversamos sobre os óleos essenciais serem, em sua maioria, substâncias antissépticas, bactericidas e antifúngicas. Portanto, independente de qual seja, será de grande colaboração para o sistema imunológico de toda a família. Ao adquirir um óleo essencial você poderá usá-lo no pingente difusor pessoal (2 gotas por dia no período de uso) ou ainda realizar uma massagem diluindo 5 gotas de óleo essencial para 1 colher de sopa de óleo vegetal prensado a frio (oliva, gergelim, coco), sempre que julgar necessário. Sempre longe das mucosas, essas pequenas massagens podem ser feitas nos punhos, no centro do peito, nas têmporas, nas costas, no abdômen e/ou na sola dos pés. Você pode escolher usar seu pingente difusor em dias de TPM, no caso das mulheres, e também escolher incluir as massagens no seu ritual de autocuidado diário ou semanal. Mais uma dica básica: existem os óleos essenciais que são extraídos por prensagem a frio das cascas das frutas cítricas. Com esses, deve se evitar a exposição ao sol após o uso na pele (sempre diluídos em óleos vegetais também prensados a frio) por terem sem sua composição substâncias químicas fotossensíveis. Óleo essencial de limão, laranja, doce, amarga, petitgrain, bergamota, mandarina, devem ser usados com este cuidado, a não ser que em seu rótulo venha escrito livre de furanocumarina, que é a substância que pode causar manchas ou irritação na pele na exposição ao sol.

Iniciar nossa conversa sobre o uso terapêutico dos óleos essenciais sem citar a lavanda seria no mínimo, equivocado. O óleo essencial de Lavanda (Lavandula angustifolia), é sem dúvida o aroma que mais representa a aromaterapia no mundo. Seja inalando ou realizando seu uso tópico, seu maior benefício é o de acalmar. A Lavanda Verdadeira, como também é chamada, pode ser muito eficaz para acalentar quadros de estresse pós-traumático, pois tem efeito sedativo. Gosto de pensar que a lavanda passa por invernos rigorosos, floresce de 800 a 1.200 metros de altitude, em solo pedregoso e calcário e ainda sim nos abraça com seu aroma calmante e acolhedor. Sem dúvida é essa força da planta que nos acolhe em momentos difíceis. Duas gotas na palma da mão inaladas por cinco minutos, duas vezes ao dia, durante um determinado período, pode regularizar a pressão arterial.

Ter lavanda em casa é ter uma caixinha de primeiros socorros pois seu óleo é também um excelente cicatrizante para queimaduras, feridinhas e picadas de inseto, utilizado desta forma desde a antiguidade. É um dos poucos óleos que pode ser aplicado diretamente na pele. Pessoalmente tenho sentido que a diluição de qualquer óleo essencial para uso tópico potencializa sua ação. E de certa forma, sempre entendi a diluição como uma forma sustentável de fazer uso tópico dos óleos essenciais. Já no caso da inalação, recomendo sempre puro e, se você for fazer o uso no pingente difusor, duas gotas por período de uso são suficientes. Se sua referência de lavanda é aquela que a indústria te fez acreditar que é a verdadeira, te convido a conhecer o aroma natural da lavanda através de seu óleo essencial. Você vai se surpreender!

É importante ter consciência de que existem tipos diferentes de lavanda e que o óleo mais utilizado e mais conhecido é justamente esse que estou citando acima e do qual sua planta só floresce em condições de altas altitudes como citado anteriormente. Outras espécies de lavanda também podem promover bem estar e benefícios de cicatrização, porém são mais canforadas, como por exemplo a lavanda brasileira (Lavandula dentata), que é mais indicada para questões respiratórias, possuindo também características repelentes e desodorantes. No caso dessa lavanda que é cultivada e floresce no Brasil, temos uma presença maior de álcoois, o que torna seu uso terapêutico mais indicado para problemas respiratórios, podendo ser utilizado em massagens na região do peito e também usado em inalações em momentos de crises respiratórias (bronquite, sinusite, rinite, etc). Portanto, outra dica preciosa é ficar de olho no nome cientifico da planta de onde o óleo essencial foi extraído. Em breve teremos uma vivência em destilação do óleo essencial da Lavanda Brasileira lá na Pacha Mama! Será um prazer receber você por lá!

Lembrando que, se você está precisando de uma terapia complementar para te auxiliar em alguma desarmonia física ou até mesmo emocional, um aromaterapeuta pode ser uma alternativa para iniciar, com extrema segurança, o uso dos óleos essenciais. Um profissional qualificado poderá te iniciar no uso dos óleos através de massagens, unindo o poder curador dos aromas naturais com outras terapias complementares, como REIKI, massoterapia, acupuntura, etc.

Independente da necessidade ou da escolha por uma consulta personalizada, ter um vidro de óleo essencial em casa pode ser de grande ajuda. Atualmente temos um vasto conteúdo sobre os óleos essenciais e sua atuação em nós, na internet. Estou certa que nossa conversa pode despertar em você o desejo de saber mais e conhecer mais sobre os óleos essenciais, iniciando assim, sua caminhada particular com essas substâncias poderosas. Para selecionar os conteúdos que respeitam a natureza real dos óleos essenciais e o caminho da Aromaterapia no Brasil, evite abordagens que estimulem a ingestão dos óleos essenciais (temos ainda muito que pesquisar e aprender sobre isso) e, no discurso, a questão da diluição para o uso tópico deve sempre estar presente.

E que tal no próximo artigo falarmos sobre os hidrolatos das plantas aromáticas? Também produto da destilação por arraste a vapor, essa solução aquosa cheia de moléculas de óleo essencial está oferecendo uma nova perspectiva para a prática da aromaterapia no cotidiano.

Agradecimentos especiais para Alessandra Almeida, companheira do Tour Aromático Provence 2019, pela foto que ilustra este artigo.

Te vejo na próxima quinzena! Abraços perfumados!

Opiniões, dúvidas e sugestões de temas para novos artigos, pertinenetes à esta coluna, serão muito bem-vindas pelo email Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

Artesã do Aroma



O poder dos Aromas Naturais - Óleos Essenciais, Hidrolatos e seus benefícios terapêuticos no cotidiano.


Gisele Almeida é graduada em Artes Visuais pela Universidade Estadual de Londrina, e iniciou sua caminhada de paixão pelas plantas nos primeiros passos em cursos e vivências com a Terapia Floral. Teve seu primeiro contato com os óleos essenciais em 2014, e a sensação e sentimento que aquele aroma do OE de lavanda despertou naquele momento, a inspirou para a criação da marca de pingentes Difusores Pessoais Barro Blue. À partir daí, a entrada e mergulho no mundo da Aromaterapia foi natural, e a relação com as Plantas Aromáticas foi sendo crescente e fortalecida pelos conhecimentos adquiridos nessa jornada. A constante busca de ampliação e aperfeiçoamento de conhecimento na área a aproximou da Aromaterapeuta Vilma Santos, com quem teve (e continua tendo) um aprendizado que lhe abriu horizontes. Posteriormente, alçou vôo até o Aromatherapy Seminar Center em Aurel, na Região da Provença na França, para ficar uma semana de imersão em Aromaterapia Holística com o Dr. Malte Hozzel, fundador da Oshadhi, e uma das mais respeitadas autoridades em Óleos Essenciais e Hidrolatos no mundo. Aqui, nesta coluna, você certamente vai se deliciar e aprender muito desse mundo fascinante dos aromas e seus benefícios para seu bem-estar e autocuidado. Sejam bem-vindas e bem-vindos !!!