Se você é como eu que já usufrui dos benefícios da aromaterapia, ao ler o título deste novo artigo poderá pensar que neste texto encontrará algumas definições já lidas, abordagens conhecidas e disponíveis nas redes sobre o que são estas substâncias maravilhosas super concentradas. Mas meu desejo é que, através do esclarecimento sobre sua origem, composição e meios de obtenção, possamos juntos enriquecer nosso conteúdo sobre, e através dessa ampliação de conhecimento, desenvolver uma utilização mais sustentável e respeitosa desse recurso de cura e harmonização que a natureza nos oferece de forma tão sábia e generosa.
Vamos começar pela planta aromática. O que a diferencia das outras? Sabemos que as plantas de onde são extraídos os óleos essenciais produzem estas moléculas aromáticas em seu metabolismo secundário. Os processos essenciais à vida e comuns nos vegetais são denominados de metabolismo primário, que se caracteriza basicamente pelas funções essenciais: fotossíntese e capacidade de nutrir-se. O metabolismo secundário caracteriza-se pela biossíntese de micromoléculas com diversidade e complexidade estrutural, produção em pequena escala, distribuição restrita e especificidade, tendo papel adaptativo ao meio, defesa contra herbívoros e microrganismos, proteção contra raios UV, atração de polinizadores, atração de animais dispersores de sementes. Ou seja, as moléculas aromáticas possuem uma função especial na vida da planta. Acredita-se que as moléculas aromáticas ajudam a planta a sobreviver, atraindo polinizadores e repelindo fungos e bactérias. Esse aspecto interessante sobre os aromas nas plantas aromáticas nos faz chegar à conclusão que em seu metabolismo primário a planta absorve luz solar e nutrientes do solo. Já no seu metabolismo secundário, desenvolve princípios ativos que a auxiliam a sobreviver na terra. Quanta inteligência existe no reino vegetal! Eu particularmente vivo aprendendo com as plantas.
É importante compreender que o óleo essencial surge a partir dos métodos de extração que tornam possível sua produção. E esses procedimentos são divididos em técnicas que possibilitam a extração dos compostos aromáticos presentes nos pelos glandulares, tricomas e dutos de óleos de raízes e rizomas, galhos e troncos, folhas, flores e frutos das plantas aromáticas. A escolha do método de extração depende do tipo de material de onde essas substâncias serão extraídas. Há quatro métodos principais. O mais usado é a destilação por arraste a vapor, onde um recipiente com a planta recebe vapor que quebra as células aromáticas e permite sua extração. Ao final, solução aquosa e óleo se separam e o óleo pode ser recolhido e envasado. A existência desse método é datada de cerca de 5.000 anos com a descoberta de alambiques de barro. Outro método é a prensagem, muito usado para extrair com facilidade os óleos essenciais das cascas das frutas cítricas. A extração absoluta é mais complexa, e é usada quando o calor da destilação a vapor danifica a fragrância de flores delicadas, como por exemplo, o jasmim. Simplificando, as flores são misturadas a um solvente que depois é removido e então temos a substância chamada de Absoluto. Finalmente, a extração por CO2, que ao invés de calor utiliza o gás para quebrar as moléculas aromáticas. Mantido sobre pressão, o gás permanece em estado líquido e se mistura ao material vegetal. Pode ser considerado um método ainda em pesquisa para que seja adotado em grande escala. A substância extraída com CO2 já pode ser encontrada no mercado e resulta num aroma muito próximo ao da planta do que os obtidos por outros métodos.
O óleo essencial recebe esse nome por se tratar de uma substância que não é solúvel em água, não que seja necessariamente oleoso ou gorduroso. Um único óleo essencial pode conter mais de 200 substâncias químicas, que podem ser divididas entre componentes primários, secundários e fenilpropanóides. Tudo isso combinado produz esses aromas únicos que nos conquistam para sempre. Aparentemente, as diferentes condições de solo e clima durante o crescimento da planta são frequentemente responsáveis por produzir, de forma natural, variações de proporção na composição química dos óleos obtidos de plantas que são botanicamente iguais ... Ainda tem mais essa! Sua composição pode variar e é justamente essa peculiaridade “fora do controle” dos laboratórios que torna sua atuação tão especial em nosso corpo, mente e espírito. Inclusive, sua eficácia em quadros patológicos que não respondem bem aos medicamentos sintéticos. É a "inteligência" vegetal mais uma vez nos surpreendendo!
Estes esclarecimentos me oferecem abertura para finalmente tocar no assunto da diferença que existe entre os óleos essenciais e as essências sintéticas que encontramos no mercado, muitas vezes com o mesmo tipo de embalagem. Uma dica importante para não errar na compra de óleo essencial é entender que as essências, por serem sintéticas, custam muito menos que os óleos. E isso é para que você entenda que por ser uma substância muito concentrada e por precisar de grandes quantidades de planta para a obtenção de um litro de óleo, a diferença de preços é grande entre os dois produtos. Sobre as essências sintéticas, a olfação é sensível a qualquer odor e praticamente pode provocar uma resposta do cérebro, sendo a substância natural ou não. O que precisamos considerar é a qualidade deste estímulo, já que aprendemos no artigo anterior que tudo que atinge nosso bulbo olfativo bate direto no nosso cérebro. Baseado no que já sabemos sobre o uso de substâncias sintéticas presentes em alimentos e remédios, temos a clareza sobre seus malefícios e já temos provas suficientes das consequências negativas de seus usos. Sabendo que a ingestão de ingredientes artificiais e medicamentos sintéticos pode comprometer a saúde no nosso corpo físico, porque precisamos continuar inalando aromas sintéticos? Convido você para essa reflexão.
Essa conversa tá ficando muito boa! Agora já sabemos o que são e como são produzidos os óleos essenciais. O processo envolve certa complexidade impossível de ser abordada em sua totalidade dentro de um único artigo, porém é suficiente para partirmos com consciência para o nosso próximo encontro aqui, onde falaremos da atuação dos óleos essenciais em nós! Até breve, abraços perfumados!
Opiniões, dúvidas e sugestões de temas para novos artigos, pertinenetes à esta coluna, serão muito bem-vindas pelo email Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
FONTES CONSULTADAS
O livro de receitas dos óleos essenciais - Susan Curtis, Publifolha, 2017.
Aromaterapia - Aroma e Psiquê - Peter e Kate Damian Ed. Lazlo, 2018.
O metabolismo vegetal https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/farmacia/o-metabolismo-vegetal/21810 Acessado em 28 de agosto de 2019.