AROMAS PARA PRESENTE


O que temos de informação sobre a origem do Natal é que essa celebração romana costumava acontecer no início do inverno e que, sendo pagã, incluía homenagens aos deuses Saturno (agricultura) e especialmente no dia 25 de dezembro, era comemorado o dia do deus Sol Invicto, romano, e do deus Mitra, da mitologia persa, segundo o calendário juliano.

No ano 350, as festividades pagãs começaram a ser “cristianizadas”. Foi quando o Papa Júlio I declarou o dia 25 de dezembro como sendo o dia do nascimento do Cristo. Sim, a igreja católica se apropriou culturalmente, podemos dizer até violentamente, de vários hábitos e costumes antigos, em favor do que hoje conhecemos como mundo desigual. Precisaríamos de no mínimo uma dezena de longos parágrafos para que eu pudesse dissertar sobre o tema, então vamos preservar este artigo com a paz no coração pois que, quem o escreve, é neta de uma das bruxas que eles não conseguiram queimar.

Biblicamente descrito, numa data que não sabemos qual é, o nascimento de Jesus se deu na cidade de Belém. O fato teria atraído reis magos, que alguns acreditam serem astrólogos que o souberam através do aparecimento de uma estrela. Uma mulher havia dado à luz ao “Rei dos Judeus”. A bíblia relata que os mesmos chegaram com presentes para o deus menino, que mesmo sendo reconhecido por eles como rei, havia nascido em uma manjedoura, tendo como mãe Maria e como pai José. Nascia o Mestre Jesus, de origem humilde, para impactar o mundo com suas parábolas e ensinamentos.

Gostaria de me ater à crença popular e à simbologia desse ato dos três reis magos (não se sabe se eram três), que presentearam o menino Jesus com ouro, mirra e incenso. Na antiguidade, o ouro era um presente para um rei, o olíbano (incenso) para um sacerdote, representando a espiritualidade, e a mirra, para um profeta (a mirra era usada para embalsamar corpos e, simbolicamente, representava a imortalidade). A presença dos aromas nos presentes é sem dúvida algo que representa muito a imaterialidade a ao mesmo tempo a existência de beleza nas coisas que não se podem ver, nem tocar, mas que existem e podem ser sentidas.

Mergulhei neste pedaço da cultura que através de sua simbologia sustenta a data, para reconfigurar o ato de presentear, através de pequenas atitudes, e com o auxílio pagão das plantas aromáticas. Rá! Podemos presentear as pessoas que amamos nessa ocasião, sem precisar recorrer aos métodos consumistas que perturbam e levam ao desperdício àqueles que possuem recursos para tal, e frustram os seres humanos que desprovidos desses, se entristecem e não comemoram a data (que na minha humilde opinião é todo dia) em seu real significado, por se sentirem excluídos. Quanto engano gerado por uma apropriação cultural! No materialismo exacerbado não existem ganhadores, somos todos vítimas de falsas necessidades.

Gostaria de realizar certa analogia entre os presentes dos reis magos e os amuletos aromáticos que vou te ensinar a produzir. O que poderíamos considerar “ouro” nos dias atuais? O tempo. Temos tempo para colher ou comprar alguns maços de ervas aromáticas para poder assim produzir pequenas lembranças para quem amamos? A escolha é toda nossa. Para você que deseja simbolizar afeto em pequenos mimos perfumados que lhe custaram muito pouco ou quase nada neste Natal, gostaria de dizer que essa opção emociona, agrada e faz refletir. As ervas serão nosso “olíbano”, através dos seus aromas irão despertar o sentido do olfato e trazer importância para o ato de respirar, o sopro da vida e seu contexto espiritual. A maturidade de que estamos realizando algo que parte de uma atitude consciente, será nossa “mirra”.

Vamos aos passos para produzir nossos sachês e bastões de ervas para um presente de Natal diferente, afetuosos e livre de superficialidades. Para produzi-lo, você vai precisar de ervas aromáticas, saquinhos de tecidos (os de organza podem ser comprados prontos) outros podem ser feitos a partir de tecidos com estampas que te agradem e que estão inutilizados no guarda-roupa. Linha e agulha e podemos ter saquinhos em formatos diversos alinhavados com carinho. Precisaremos desidratar as ervas, e com esse calor que essa época nos premia, será fácil. Você pode fazer uma colheita gentil no seu quintal ou mesmo procurar pelo bairro, sendo a última tentativa comprar maços de manjericão, alecrim e hortelã na quitanda.

aromas para presente 2

Flores e folhas separadas de seus galhos (que serão descartados) devem ser adicionadas á um saco de papel ( aqueles de pão), que precisarão de alguns furinhos. Queremos um abrigo da luz, porém com circulação de ar. Esse saco com as ervas poderá ser colocado atrás das portas, dentro de armários e com a temperatura dos dias de verão, em uma semana estarão desidratados. Outras formas de desidratar as ervas você encontra na vasta imensidão da internet. A que ofereço aqui é uma alternativa rápida e fácil, que pratico há anos. Uma vez secas as ervas, você pode misturá-las, fazendo assim um “blend” autoral. Divida as misturas nos saquinhos (pode ser apenas um pouco maior ou um “kit” com quatro unidades para colocar nas gavetas). Solte a criatividade na embalagem, escreva um cartão sobre o que te motivou e acredite que irá surpreender positivamente, de maneira especial e singela.

Para os entes queridos e amigos que gostam de incensos e são adeptos da defumação, o bastão de ervas é uma opção bacana. Ter um bastão à mão para defumar a casa ou queimar em um ritual pessoal ou coletivo é agradável e auspicioso. Eu pessoalmente acharia o máximo ganhar um! Ou um kit com bastões feitos de ervas diferentes. Ervas enroladas por um fio de algodão, barbante ou qualquer linha não sintética me trazem uma imagem de aspecto ancestral. Sinto uma familiaridade tão grande com este pequeno “objeto” que mal tenho palavras para explicar. Todos ao meu redor ganham bastões de ervas. Junte um pequeno buquê das ervas frescas que mais te agradam (certifique-se que fiquem do mesmo comprimento uma do ladinho da outra com o auxílio de uma tesoura comum ou de poda). Junte o máximo que puder e vá apertando até sentir que estão na espessura mínima de um dedo, mas que pode ser mais grossa, se assim você desejar. O importante é juntar bem as ervas e ir enrolando com uma linha de forma ordenada ou aleatória, definindo, com o auxílio dos dedos, o bastão. Gosto e deixar uma linha em forma de argola para que os bastões possam secar pendurados em pequenos pregos atrás de minhas portas. Dependendo do calor e da espessura, podem também secar em uma semana. Precisam estar secos para serem acesos, por isso presentear com eles frescos vai te dar o trabalho de explicar para o presenteado que ele vai precisar esperar secar para utilizar. No final dá tudo certo!

Deixe tudo bem bonito com auxílio de embalagens feitas em casa, reaproveitando papel, tecido, fita e finalize os presentes aromáticos com seu jeito e estilo. Nas fotos estou dividindo com vocês os meus. Uso organza para os sachês e linha 100% algodão para pipa, compro na venda da esquina. Não se cobre demais se o resultado do seu bastão não ficar parecido com o meu. Pratico a arte dos bastões há quatro anos, e como todos nós sabemos, praticar ajuda a dar um melhor acabamento em qualquer trabalho manual. O importante é dar o primeiro passo e entregar o seu melhor.

Meu desejo foi de encerrar estes primeiros cinco meses escrevendo essa coluna que tanto me inspira de forma leve, porém sem fantasiar a realidade! Para 2020 desejo à você luz, paz, prosperidade... E também uma vida de mais conexão com as formas naturais de viver e perceber o mundo, incluindo aromas e cheiros de puro Amor!

Até breve, boas festas e abraços perfumados!

Opiniões, dúvidas e sugestões de temas para novos artigos pertinentes à esta coluna, serão muito bem-vindas pelo email Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

FONTES CONSULTADAS

Três Reis Magos - https://pt.wikipedia.org/wiki/Tr%C3%AAs_Reis_Magos Acessado em 11 de dezembro de 2019.
The Christmas Encyclopedia - Willian D. Crump McFarland & Company; 2 edition, 2005.
Sol Invicto - https://pt.wikipedia.org/wiki/Sol_Invicto Acessado em 11 de dezembro de 2019.

15.12.2019

Artesã do Aroma



O poder dos Aromas Naturais - Óleos Essenciais, Hidrolatos e seus benefícios terapêuticos no cotidiano.


Gisele Almeida é graduada em Artes Visuais pela Universidade Estadual de Londrina, e iniciou sua caminhada de paixão pelas plantas nos primeiros passos em cursos e vivências com a Terapia Floral. Teve seu primeiro contato com os óleos essenciais em 2014, e a sensação e sentimento que aquele aroma do OE de lavanda despertou naquele momento, a inspirou para a criação da marca de pingentes Difusores Pessoais Barro Blue. À partir daí, a entrada e mergulho no mundo da Aromaterapia foi natural, e a relação com as Plantas Aromáticas foi sendo crescente e fortalecida pelos conhecimentos adquiridos nessa jornada. A constante busca de ampliação e aperfeiçoamento de conhecimento na área a aproximou da Aromaterapeuta Vilma Santos, com quem teve (e continua tendo) um aprendizado que lhe abriu horizontes. Posteriormente, alçou vôo até o Aromatherapy Seminar Center em Aurel, na Região da Provença na França, para ficar uma semana de imersão em Aromaterapia Holística com o Dr. Malte Hozzel, fundador da Oshadhi, e uma das mais respeitadas autoridades em Óleos Essenciais e Hidrolatos no mundo. Aqui, nesta coluna, você certamente vai se deliciar e aprender muito desse mundo fascinante dos aromas e seus benefícios para seu bem-estar e autocuidado. Sejam bem-vindas e bem-vindos !!!