Nos últimos 5 anos os aromas naturais estão presentes no desenvolvimento do meu trabalho junto aos difusores pessoais e também no meu autocuidado diário. A escolha por cosméticos que são aromatizados por óleos essenciais 100% naturais (alguns eu mesmo produzo) foi feita pelo meu nariz! Desde muito nova as fragrâncias sintéticas não são bem aceitas por meu olfato, a ponto de alguns cheiros me causarem enjoo e dor de cabeça. E foi ao cheirar pela primeira vez um óleo essencial que minha vida mudou de rumo completamente.
Um olhar mais detalhado sobre nossa capacidade de sentir cheiros, será de extrema importância para caminharmos juntos aqui, conhecendo mais sobre os óleos essenciais e a atuação dos seus aromas em nossas vidas. Nos cursos e estudos, além dos encontros com aromaterapeutas brasileiros e de outras nacionalidades, tenho escutado e concordado com uma afirmação da maioria deles: a melhor forma de usufruir dos benefícios dos óleos essenciais é através da inalação.
O olfato é um dos mais antigos e primitivos sentidos que possuímos e permaneceu até muito recentemente como o mais misterioso deles. Enquanto que para alguns animais este sentido ainda desempenha um papel fundamental, em termos evolutivos foi substituído pelos sentidos da audição e visão quando o homem passou a ficar ereto. Sendo uma função secundária para o órgão que o representa, o nariz (sua principal função é de simultaneamente canalizar, aquecer e filtrar o ar para fornecer oxigênio para os pulmões) o olfato, por seus próprios méritos, torna-se a cada dia mais significativo e relevante para a experiência humana na terra. Embora muitas vezes de forma inconsciente criamos memórias olfativas a partir de experiências afetivas, existe uma explicação científica para isso.
Os nervos olfativos estão situados na parte superior do nariz. Ao contrário dos nervos envolvidos no tato, na audição e nos outros sentidos, estão diretamente ligados ao cérebro. Os neurônios olfatórios encontram as células do bulbo olfatório (primeira região que recebe os odores coletados pelo nariz) que ajudam a converter quimicamente os sinais odorantes, retransmitindo esses sinais recebidos para uma região cerebral chamada sistema límbico, em uma rapidez tremenda. Sistema límbico, também conhecido como “cérebro antigo”, é assim denominado devido á sua função mais primitiva e por ter se desenvolvido antes de outros sistemas de nossos corpos em nossa escala evolutiva.
O sistema límbico e o hipocampo formam uma central que coordena todos os estímulos sensoriais, visões, sons e cheiros em um conjunto. Unidos, desencadeiam e controlam nossos impulsos primitivos e emocionais. Desta forma, podemos entender porque o olfato se relaciona com a emoção: os cheiros acessam o local onde nossos instintos e emoções residem.
Temos condições de reconhecer até 10.000 substâncias aromáticas diferentes, uma quantidade muito maior de sons identificáveis pela audição. Em desarmonia, este sentido também pode apresentar desvanecimento, quando somos expostos muito tempo a um mesmo cheiro deixando de senti-lo, e também cansaço olfativo, que ocorre quando somos expostos a muitos odores diferentes num curto espaço de tempo, retirando nossa capacidade de identificação.
Outra informação importante sobre o olfato é que nas mulheres este sentido é mais apurado do que nos homens. Esta informação sempre ficou no imaginário popular, porém alguns neurocientistas brasileiros já comprovaram em pesquisas do ano de 2014. Depois de calcular o número de células do bulbo olfativo dos cérebros, os grupos descobriram que as mulheres tinham um número 43% maior. E, ao contarem os neurônios da região, o número foi 50% maior para as mulheres, o que reforça a tese de que elas teriam uma sensibilidade maior para sentir cheiros. A relação entre as mulheres e os aromas naturais foi objeto de pesquisa da historiadora Palmira Margarida em seu livro A Perfumaria Ancestral: Aromas Naturais no Universo Feminino. Nessa obra, a autora nos leva a mergulhar em um universo ancestral, familiar, porém abafado por uma sociedade que julga e domestica cheiros naturais e combinações que fogem aos padrões. Recomendo a leitura.
A osmologia, ramo do conhecimento humano que se ocupa da compreensão do olfato, entende que algumas moléculas aromáticas são mais ligadas á estímulos físicos, que são os odores desinfetantes, bactericidas e fungicidas. Outras, ligadas á estímulos emocionais, perfumes de madeiras, resinas e flores, sedutores e relaxantes. Já os aromas mais expansivos e refrescantes são tidos como aqueles que estimulam a mente. Um aroma natural nunca é somente físico, mental ou emocionalmente benéfico. Os óleos essenciais possuem tendências, mas em geral são compostos por substâncias químicas que permitem um grande espectro de atuação em nós ... opa! Óleos essenciais são o assunto do próximo artigo! Espero continuar te encontrando por aqui! Abraços Perfumados e até breve!
Opiniões, dúvidas e sugestões de temas para novos artigos, pertinenetes à esta coluna, serão muito bem-vindas pelo email Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
FONTES CONSULTADAS
A Perfumaria Ancestral: Aromas Naturais no Universo Feminino - Palmira Margarida, Ed. Memória Visual, 2018
Técnicas de aplicação de óleos essenciais – Fernando Amaral, Ed. Cengage Learning, 2015
Aromaterapia - Patricia Davis, Ed. Martins Fontes, 1996
Aromaterapia - Aroma e Psiquê, Peter e Kate Damian, Ed. Lazlo, 2018
Mulheres tem olfato mais apurado, mostra estudo brasileiro https://doutorjairo.blogosfera.uol.com.br/2014/11/06/mulheres-tem-olfato-mais-apurado-mostra-estudo-brasileiro/ Acessado em 9 de agosto de 2019