Aromaterapia é um termo moderno, utilizado para conceituar, enquanto arte e ciência, o uso dos óleos essenciais das plantas aromáticas. Criado pelo químico cosmético francês René-Maurice Gattefossé no final dos anos 1920, o termo “Aromathérapie “ se tornou parte do título do seu primeiro livro lançado em 1937. René ficou particularmente impressionado com o poder de cicatrização do óleo essencial da lavanda verdadeira (Lavandula angustifolia), quando utilizado diretamente em feridas nos seus braços, decorrentes de uma infecção. Sem sucesso com o uso de antibióticos sintéticos, iniciou a aplicação do óleo essencial de lavanda, por conhecer seu potencial antisséptico, aplicando diretamente nas machucaduras que fecharam em duas semanas de aplicações diárias.
Bem antes disso, porém, há pelo menos 5.000 anos, sabemos que existe uma ligação ancestral entre a humanidade e as plantas. Uma hipótese bem fundamentada é a descoberta e diferenciação dessas plantas através do uso de matéria orgânica seca como combustível para fogueiras. Ao perceber os aromas que as ervas secas desprendiam em contato com o fogo e efeitos nos grupos que inalaram suas fumaças, tomou-se a consciência sobre tais benefícios. Também é provável que o homem tenha observado as plantas que os animais doentes escolhiam para a alimentação. Durante uma palestra, o Dr. Malte Hozzel disse que quando a planta tem sabor agradável está comunicando "me coma" e quando é amarga ou extremamente azeda nos diz "me use como remédio". E o que comunica com seus aromas?
Particularmente com as ervas perfumadas, podemos encontrar em registros antigos a aplicação de seu uso cosmético, terapêutico e espiritual (religioso e litúrgico), através de infusões, macerados e defumações. Encontramos fortes referências dos usos dos aromas em algumas culturas antigas, como em textos médicos encontrados de 2.700 a.C na China; na Índia, nos textos védicos, que são as primeiras escrituras da religião hindu. No Egito, região da qual possuímos mais informações, as plantas aromáticas eram utilizadas em massagens terapêuticas, cirurgias, preparação e preservação de alimentos, rituais religiosos e mumificação. Em sua quase totalidade, essas plantas podem conter componentes antibacterianos, antivirais, antifúngicos e antissépticos. Isso explica seu potencial de cura e conservação desde tempos imemoriais. A tradição oral que protege estes usos ainda hoje está guardada na preparação de uma infusão, nos sachês repelentes e nos banhos de purificação. Quem não terá a memória de passar por um pé de limão, arrancar uma folhinha, amassar levando ao nariz para inalar seu perfume cítrico inspirador.
Meu primeiro contato com os aromas das plantas de forma intensa foi através de um vidrinho de óleo essencial. Mas foi no cultivo singelo de quintal onde vi uma senda para estreitar a relação com o perfume das plantas e seus benefícios. Sabemos que são necessários algumas centenas de quilos de plantas para se obter uma boa quantidade de óleo essencial. Cultivar uma planta aromática e observá-la realizar seu ciclo, dá base para um uso de seus benefícios com consciência e sustentabilidade.
É importante saber usufruir das moléculas de aroma de uma planta, de maneira leve e terapêutica. E é também, mais acessível. A cada estação as plantas se apresentam, oferecendo bem-estar, calor, frescor.
Aqui será um lugar para conversarmos sobre as plantinhas aromáticas, seus usos, seus óleos essenciais e hidrolatos. Vai ser bacana falar sobre algo que me fascina: os aromas naturais! Terei o maior prazer de dividir essas experiências com vocês. Abraços perfumados, e até a próxima!
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FONTES CONSULTADAS
Aromaterapia - Patricia Davis, Ed. Martins Fontes, 1996.
Aromaterapia - Aroma e Psiquê, Peter e Kate Damian, Ed. Lazlo 2018.
René-Maurice Gattefossé - https://casamay.com.br/2014/06/05/citacoes-rene-maurice-gattefosse/ Acessado em 4 de julho de 2019.